segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Documentário "Lixo Extraordinário"




Assistimos na semana passada, pelo Festival de Cinema do Rio, o fabuloso documentário "Lixo Extraordinário", dirigido por Lucy Walker, João Jardim e Karen Harley.  Filmado ao longo de três anos, o documentário acompanha a visita do artista plástico Vik Muniz ao lixão de Jardim Gramacho, localizado no município de Duque de Caxias, Rio de Janeiro.

Vik, paulista radicado em Nova York, após um trabalho realizado em uma plantação de açúcar em St. Kitts (cidade localizada nas Ilhas São Cristóvão e Névis - Caribe), onde o objetivo era retratar os filhos dos trabalhadores, percebeu que suas fotografias não captavam o lado "social" dos contextos retratados. Durante sua vivência nos canaviais, o artista constatou que as crianças que ali habitam são felizes e repletas de uma essência pura e contagiante. No entanto, ao passarem para a fase adulta, suas expressões perdiam o encantamento. Por algum motivo imperceptível ao olhar estrangeiro, estas crianças se transformavam em adultos infelizes. Ao retornar ao seu estúdio, Vik pensou que o que faltava na vida daquelas pessoas era o  material fruto de seus trabalhos: o açúcar. Por isto, copiou os instantâneos das crianças e contornou, em cima de papel preto, as feições retratadas com diversos tipos de açúcar. Após esta etapa, as obras eram fotografadas e expostas na série Sugar Children (Crianças do Açúcar).
O trabalho realizado no Jardim Gramacho resulta do desejo do artista em mobilizar os envolvidos no contexto retratado. Em um primeiro momento, Vik capta o cotidiano de um grupo de catadores de materiais recicláveis, abordando-os sobre suas visões de mundo. Em uma segunda etapa,  alguns integrantes são convidados a contribuir, por um ano, com a composição das obras. A montagem foi realizada pelos próprios catadores e com objetos catados por eles próprios.


  

Chegada a conclusão da criação das obras, o grupo havia passado por um denso processo de conscientização. Todos ali envolvidos sentiram uma profunda transformação em suas realidades. Muitos não queriam retornar àquela condição subumana de vida. Alguns desejavam modificar suas condições de trabalho e reinvindicar o reconhecimento dos direitos trabalhistas dos catadores. Outros adquiriram a consciência de que, se unindo, são capazes de lutar por uma melhor qualidade de vida.

O documentário nos alerta para a situação de calamidade em que, em pleno século XXI, muitos seres humanos ainda vivem. Nossa consciência é expandida e entendemos que, toda a sociedade civil possui uma parcela de culpa por esta situação degradante. A inexistência e precariedade de políticas públicas que deveriam assistir à esta parcela da população nos lança uma pergunta: será que problemas como este só serão sanados a partir da ajuda fornecida por instituições privadas e/ou pessoas físicas? Nossos governantes parecem estar preocupados com questões mais imediatas, como o desenvolvimento econômico da nação. E por isto, situações como esta são esquecidas pelos que estão no poder. Populações marginalizadas estão à mercê de projetos sociais, que em muitas ocasiões, não chegam a inserir estes indivíduos na sociedade pela curta continuidade de suas ações.
 

 
O pequeno grupo, que por sorte encontrou a iniciativa de Vik, pôde experienciar, mesmo que por um curto período de tempo, uma nova forma de viver. Mas em determinado momento do documentário, somos indagados com a seguinte pergunta: E os demais seres humanos que vivem na mesma situação de miséria e insalubridade, como ficam? 

Deixamos aqui a nossa mensagem e um questão para refletir. Assista ao documentário, pense sobre o assunto, pesquise mais acerca do tema e discuta com os amigos e a família. Juntos podemos construir um mundo melhor! 


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