domingo, 24 de outubro de 2010

Brasil defende compensação financeira por uso de recursos naturais na COP-10


 

Assim como ocorreu na 15ª Conferência das Partes sobre Mudanças Climáticas, em dezembro passado, na Dinamarca, a questão econômica tornou-se o centro das discussões na 10ª Conferência das Partes sobre Diversidade Biológica (COP-10), que ocorre em Nagoia, no Japão, até o dia 29. O estabelecimento de novas metas de preservação das espécies pode não seguir adiante devido a um impasse que coloca em confronto os países em desenvolvimento, donos de grandes reservas naturais e as nações ricas. O primeiro grupo, tendo o Brasil como líder, defende a adoção de compensações financeiras, pagas pelos países industrializados, devido ao uso da biodiversidade.
O governo brasileiro afirmou, na segunda-feira, que não poderia apoiar nenhum acordo no qual essa questão não fosse contemplada. Ontem, foi a vez de a União Europeia se posicionar radicalmente contra a proposta. Segundo organizações que acompanham as negociações, esse
impasse barrou o avanço dos debates.

O grupo de países liderados pelo Brasil exige que o chamado acesso e compartilhamento de benefícios pelo uso da biodiversidade, conhecidos pela sigla ABS, se torne um compromisso expresso no acordo que sairá de Nagoia. Nos dois primeiros dias de encontro, Canadá, Austrália e Nova Zelândia lideravam o grupo contrário à proposta. Depois dos discursos de
abertura do evento, no entanto, os três países adotaram posturas mais flexíveis. A mudança poderia possibilitar um acordo até a semana que vem, quando começam as discussões de alto nível, com a presença de ministros. No entanto, agora é a União Europeia que vem defendendo uma posição contrária à do Brasil.


Uma das tentativas de flexibilizar a posição dos países foi a divulgação de um relatório do Programa das Nações Unidas para a Biodiversidade, intitulado Economia dos Ecossistemas de Biodiversidade (TEEB, na sigla em inglês). O documento mostra que preservar o meio ambiente pode ser economicamente rentável. De acordo com o estudo, apresentado em Nagoia, é preciso que os tomadores de decisão levem em conta o quanto será gasto no futuro devido a problemas ambientais como a extinção de espécies e o aquecimento
global. Esta questão pode redefinir os atuais padrões econômicos e iniciar uma nova era na qual o valor dos serviços da natureza passa a ser visível e se torna uma parte crítica da tomada de decisões na política e nas empresários.

A coordenadora regional do Centro de Monitoramento da Conservação Mundial do Pnuma, Helena Pavese, concorda que o relatório pode ajudar na retomada do avanço nas discussões. Para ela, a visão econômica pode facilitar o entendimento entre as partes. Em um contexto pós-crise econômica, números concretos podem ajudar a sensibilizar as nações sobre a importância da preservação, diz ela.

Fonte:http://www.ecodebate.com.br/2010/10/22/compensacoes-financeiras-por-uso-de-recursos-%20naturais-%20podem-paralisar-%20cop-10-no-%20japao/ Acessado em 24/10/2010

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